domingo, 15 de março de 2009

Capítulo VII - A ELEIÇÃO DE 1958 – DERROTA DA UDN E DO PSD

EM 1958 A FALTA DE chuvas mais uma vez obrigava à população carente a submeter-se aos planos emergenciais. As costumeiras frentes de trabalho novamente se apresentavam como solução paliativa para amenizar o quadro de indulgência.
Muito embora houvesse coincidência da seca com as eleições, um momento propício para as práticas politiqueiras no decorrer da campanha, ao contrário de 1952, não se tem notícia de que a estiagem tivesse influenciado contundentemente no processo político, mesmo com mais uma frente de serviço destinada a Limoeiro do Norte, agora para a construção de estrada que ligava o município à Morada Nova.
Para as eleições de 1958, vamos lembrar que existia em todos os Estados da federação e descendo até os Municípios, as alianças entre o PTB e o PSD, com reflexos ainda na vitória de Juscelino Kubitschek e com resquícios do getulismo.
Sendo o Dr. Simões fundador do diretório municipal do PTB e como as alianças eram recomendadas para todos os municípios, havendo assim, a possibilidade de tambem em Limoeiro do Norte o PTB vir aliar-se ao PSD, o próprio Simões pretendeu ser o candidato da coligação, sendo barrado pela discordância incondicional de Franklin Chaves. Podemos presumir que essa discordância tenha sido ainda fruto de fortes ressentimentos, em virtude de Simões ter estado ao lado de Sabino Roberto, na eleição histórica de 1954, na qual o PSD foi derrotado e por conseguinte anulando definitivamente, depois de mais de oitenta anos, os Chaves do poder.
Como não houve consenso para que a coligação funcionasse em Limoeiro do Norte, os partidos (PSD e PTB) resolveram caminhar independentes, lançando suas próprias candidaturas.
Aquela seria a primeira eleição em que a Lei determinava também as candidaturas de vice-prefeitos, até então sendo um cargo inexistente, pois nos impedimentos do prefeito quem assumia era o Presidente da Câmara Municipal.
O PSD – nas pessoas de Franklin e Judite – indicou Estevão Remígio de Freitas para prefeito e para vice Mixico Nonato, ambos ex-prefeitos. A UDN, indicou o nome de Pedro Alves Filho, sendo vice, Lauro Rebouças de Oliveira e o PTB lançou o seu fundador Dr. José Simões dos Santos com o apoio do então Deputado Federal Carlos Jereissati e tendo como vice Eurico Vieira de Melo, indicado pelo Prefeito Sabino Roberto, visto que, mesmo permanecendo ainda na UDN, resolvera apoiar José Simões indicando o candidato a vice-prefeito.
Ao se iniciar, a campanha dava mostras de ser uma das mais acirradas e concorridas principalmente porque os candidatos da UDN e do PSD se encontravam em condições bastante favoráveis.
O PSD, mesmo concorrendo com dois ex-prefeitos e um deles – Michico Nonato – tendo sido praticamente o responsável pela derrota do partido em 1954, entrou na disputa como um forte concorrente. A família Remígio, que havia rompido na eleição de Sabino, voltara às suas hostes, sempre através de Raimundo Remígio de Freitas, tanto que reelegeu facilmente o seu filho Onésimo Remígio para a Câmara de Vereadores.
A UDN – mesmo dividida – com o lançamento da candidatura de Pedro Alves Filho, indicado pelo Deputado Manoel de Castro era um nome fácil de ser trabalhado, visto que se tratava de um jovem inteligente, sem atritos e além do mais um estreante na política. Os udenistas sentiam-se em situação de fortes concorrentes, mesmo contando com a grande perda que teve com o rompimento do prefeito Sabino Roberto e naquele momento o partido estava inteiramente sob o comando do Deputado Manoel de Castro, demonstrando uma força capaz de impor suas condições quanto ao processo político.
O que não se esperava era que a candidatura de Simões tivesse pelo menos condições de concorrer, muito embora se deva levar em conta o seu valoroso serviço prestado como médico à população sendo esse, talvez, o dado mais importante para a popularidade de sua candidatura.
Aquela também seria a primeira eleição em que Limoeiro do Norte estava reduzido, visto que havia perdido uma considerável parcela do seu território com as emancipações de Alto Santo, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte.
O acontecimento servia naquele momento para o recém criado PTB lançar o seu protesto jogando a culpa nas lideranças políticas.
A prova disso foi estampada em um panfleto lançado pelo Partido Trabalhista Brasileiro, considerando que Limoeiro do Norte, ao ter sido drasticamente reduzido na sua extensão territorial, passou de um importante município a uma insignificância:


“Não se pode conceber a ideia de podermos continuar obedecendo a partidos políticos cujas chefias se tornaram obsoletas por defender interesses personalistas a ponto de liquidarem impiedosamente o nosso rico município, berço de ideias as mais generosas – o maior município do Baixo Jaguaribe, reduzido hoje a uma insignificância, uma partilha odiosa, injusta, como que a zombar da sensibilidade do povo”.[...] “O povo de Limoeiro demonstrará, assim, o seu brado de protesto, e que é forte, independente, e ama a sua terra, sem querer ser escravo, honrando as tradições de seus antepassados que construíram a grande parcela, hoje reduzida a tapera”.(LIMA J. S., 2008, p. 42)


Não restam dúvidas também que o apoio de Sabino Roberto foi um item que muito contribuiu. Mesmo desgastado e com um final desastroso na administração, Sabino mantinha a sua popularidade ainda em alta, sobretudo na zona rural do município.
Podemos perceber, curiosamente, que mesmo tendo sido ele quem assinou os atos de emancipação dos distritos não foi responsabilizado por isso, não atrapalhando seu forte apoio à candiatura de Dr. Simões, justamente de onde partiam as críticas mais contundentes. É lógico atribuir esse apoio, primeiro à sua incompatibilidade partidária, transferindo a fraca administração para o partido e não para si e segundo, pelo laço de amizade existente entre os dois. Com certeza uma coisa puxou a outra. Pelo que colhemos sobre o caráter e a personalidade de Sabino Roberto podemos supor que tenha sido um dilema para ele apoiar uma candidatura que não fosse do partido pelo qual optou filiar-se, principalmente tendo ele se posicionado sempre de maneira séria ao fazer política, desde 1917 quando foi vereador pela primeira vez aos 21 anos de idade.
Não aderiu a José Simões somente Sabino Roberto. Muitos eram os que também estavam insatisfeitos com as atitudes udenistas ao transformarem o partido em uma facção tão prepotente e arrogante quanto o PSD. Alguns pessedistas, também migraram para a candidatura de José Simões e as dissidências criadas nos dois partidos UDN e PSD, facilitaram a sua vitória.
Podemos citar dois casos. O primeiro foi o rompimento de Antonio Holanda de Oliveira, com a alegação de que havia esperado um candidato indicado pelo PSD, mas que teria ouvido do próprio Franklin Chaves que o PSD não iria concorrer com candidato próprio naquela eleição. Diante disso, Antonio resolveu apoiar a candidatura do Dr. Simões, evidentemente mediante alguns acordos. Só que depois o PSD resolveu lançar seus próprios candidatos o que colocou Antonio Holanda numa situação delicada, todavia e como era do seu feitio, decidiu-se por ficar mesmo do lado de Dr. Simões.
Na época Antonio Holanda morava em uma casa de propriedade dos Chaves - a casa ficava ao lado da Igreja de Santo Antônio e foi demolida em 2014. - Interessante e é bom que se diga, que o aluguel da casa não era cobrado. Conta-se que na noite anterior ao dia da eleição, ele fora tirado do seu sono altas horas, por Franklin Chaves, dona Judite e Estevão Remígio, momento em que lhe ofereceram aquela casa em que residia, se ele retornasse ao PSD e votasse no seu candidato. Como resposta, tiveram um categórico NÃO e que jamais negociaria a sua honra por nada. A proposta era uma demonstração de que os Chaves faziam de tudo para voltarem ao comando político, enquanto a recusa de Antonio Holanda foi uma prova de que agia com ética ao fazer política.

O segundo caso foi o de Francisco das Chagas Celedônio. Sendo ele um fiel pessedista e seguidor inconteste das orientações do partido, pretendeu em 1954 candidatar-se a vereador. Imaginando gozar da confiança e da amizade de dona Judite, decepcionou-se ao descobrir que a própria trocou as suas chapas de votação pelas de Francisco Pergentino, garantindo a este a tranqüilidade da eleição. Desde então Chico Celedônio rompeu com o PSD e tornou-se um fiel aliado de Dr. Simões.

Com a candidatura nas ruas, Dr. Simões viu também parte da população limoeirense eufórica e o hino (paródia) feito para a campanha era cantado entusiasticamente por seus eleitores.
O eleitor vai aos comícios de Estevão
E Pedro Alves, mas não ganha as eleições,
Porque na hora de votar,
O candidato É Zé Simões.
O Terceiro Candidato,
Esse é que é o tal... (bis)
Outra parodia era cantada nas ruas dando um brilho de euforia cada vez maior aos comícios:
O eleitor de limoeiro
Tenha cuidado ao votar
Escolha um candidato
Que a cidade venha ajudar
Construir o seu progresso
Tua paz e tranquilidade
E um prefeito que seja
Seu amigo de verdade.
Em Dr. Jose Simões nós vamos votar
O seu nome a prefeitura nos vamos levar.(bis)

Fato interessante e que quase desencadeou na derrota de José Simões, foi quando em um comício realizado na praça da catedral, praticamente em frente a residência de dona Judite, os autofalantes tocavam a música de sucesso no momento “Boneca Cobiçada”.
Em seu inflamado pronunciamento Simões foi mais além e comparou a letra da melodia com dona Judite, o que provocou uma revolta dos eleitores. Ao fazer isso pensou certamente que estaria ridicularizando a “Dama de Ferro”, porém sem a menor intenção de criar problemas para sua campanha nem tão pouco desmerecer as qualidades de uma mulher como dona Judite, que muito embora, sendo uma mão fortíssima nas decisões políticas, era por demais respeitada perante a sociedade, de um conceito inabalável e sem manchas em sua honra e reputação.
Sabiamente, os adversários fizeram uma relação do que disse Dr. Simões com a citada música e trataram logo de usá-la como forma de propaganda política, insinuando junto aos eleitores que a honra da mulher mais forte da política limoeirense havia sido intencionalmente atingida. Isso causou uma grande revolta até mesmo no seio dos eleitores do próprio Simões, quando o condenaram pelo linguajar usado em seu discurso baixando o nível da campanha, o que era inadmissível.
É certo que se fosse relacionar o que foi dito por Dr. Simões com a letra da música daria realmente para imaginar que a intenção dele foi mesmo a de ferir a honra da senhora Judite:
“Boneca cobiçada
das noites de sereno
teu corpo não tem dono
teus lábios tem veneno..”.[1]
Depois disso, houve um boato – com certeza sem nenhum fundamento – de que dona Judite ressentida com as palavras de Dr. Simões e sentindo-se ferida em sua honra, contratara um famoso pistoleiro da região para assassiná-lo. Para reforçar o boato, diziam ainda que o tal pistoleiro não concordara em fazer o serviço, recusando-se imediatamente de executa-lo, quando tomou conhecimento de quem seria a sua vítima, isso porque Dr. Simões em certa ocasião atendeu uma de suas filhas sem indagar de quem se tratava ou até mesmo se tinha dinheiro para pagar os serviços de atendimento médico.
Esse boato, jamais poderia ter sequer um fundo de verdade nem merecedor de qualquer crédito, pois as campanhas políticas em Limoeiro, muito embora sempre acirradas, nunca chegaram a um desfecho dessa natureza. Levando-se em conta a índole dos políticos da época, era impossível isso acontecer, ainda mais partindo de dona Judite a quem jamais se poderia atribuir uma atitude desse tipo. Já Dr. Simões, aproveitou o boato como um ponto a lhe favorecer e também para justificar o passo em falso que deu, a partir de então, passou a ter cuidados e somente saia de casa se fosse acompanhado.
A propósito e com referência àquele fato, houve uma passagem em que Dr. Simões foi requisitado por Simonides Chaves, para prestar assistência a um parto de sua esposa no Sitio Lima, em São João do Jaguaribe. Simões, se fazendo de temeroso quanto aos rumores de que poderia ser assassinado, disse que somente iria se fosse acompanhado do Senhor Alfredo Guerreiro, que por sua vez prontificou-se a atender a exigência do médico. Dessa forma, veio ao mundo um dos médicos mais respeitados de Limoeiro do Norte e na Região Jaguaribana o Dr. Antônio Carlos Pessoa Chaves.
Mesmo com os sustos e falaços, a eleição aconteceu num clima de harmonia e José Simões dos Santos venceu a eleição derrubando os dois partidos majoritários, PSD e UDN.
O final da contagem dos votos foi de pingar suor, pois até a última urna ainda não se sabia exatamente quem seria o próximo prefeito do município. Diante daquele quadro de nervosismo de todos lados e estando o candidato do PTB perdendo por uma margem de algumas dezenas de votos para o primeiro colocado, Sabino Roberto soprou no ouvido de José Simões, que ficasse despreocupado, pois a urna, na qual ele (Sabino) teria muitos votos, estava ainda para ser aberta. Era a conhecidíssima urna da Porta Larga [2], que ficava na esquina da (hoje) Avenida Dom Aureliano Matos com a Travessa Patrício Roberto. Nessas alturas se encontrava com a eleição garantida o vice-prefeito Eurico Vieira de Melo, já que naquele tempo, a votação do vice era desvinculada à votação do prefeito. Ao ser aberta, a bendita Urna da Porta Larga, confirmou exatamente o que disse Sabino e foi favorável a Simões, dando-lhe uma soma de 96 votos o que deu para cobrir o que estava perdendo e ainda sair vitorioso com 49 sufrágios.
**************************************************************************
A exemplo de 1954, a eleição de 1958 implicou mais uma vez na certeza de que o povo é realmente sábio. A derrubada do PSD e da UDN reverteu-se mais uma vez numa vitória do povo como demonstração de que pode mudar o quadro na hora que bem entender.
Com certeza, tanto udenistas quanto pessedistas, jamais acreditavam que isso viesse acontecer, já que, como facções políticas compostas de homens públicos que se consideravam os verdadeiros líderes, confiaram que jamais seriam derrotados, embasados na enorme aceitação popular que detinham. Evidentemente que essa aceitação não estava de toda nula, tanto que reelegeram (pela terceira vez) os Deputados Franklin Chaves (PSD) e Manoel de Castro (UDN) para a Assembleia Legislativa do Estado.
Importante saber que naquela eleição tambem foi eleito Deputado Estadual o limoeirense Dr. Expedito Maia da Costa pela legenda do PRP (Partido da Representação Popular) mandato que exerceu até 1962. Assim, Limoeiro do Norte contava com uma representatividade inédita na Assembleia Legislativa do Estado, com tres deputados. 


EXPEDITO MAIA DA COSTA
Nasceu em Limoeiro do Norte a 31 de março de 1909. Filho de André Joaquim da Costa e Luzia Maia da Costa. Faleceu em Fortaleza a 31 de maio de 1990.
Advogado. Inciou os estudos em sua cidade natal, transferindo-se para Fortaleza, onde cursou o Liceu do Ceará. Colou grau como Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direiro da Universiade Federal do Ceará, em 1939.
Promotor de Justiça em 1940, com atuação em Lavras da Mangabeira, Tauá e Itapipoca. Em 1945, exerceu a função de Consultor Jurídico do Estado.
Iniciou sua carreira política como vereador por Fortaleza, eleito em 1947 pela legenda da UDN – União Democrática Nacional. Foi nomeado em 1951 para a direção da Imprensa Oficial do Ceará – IOCE. Voltou a se engajar na política partidária e elegeu-se Deputado Estadual pela legenda do PRP – Partido da Representação Popular – exercendo o mandato de 1959 a 1962.
Teve importante participação no Parlamento Estadual, destacando-se como orador fluente e expressivo. Demonstrou sempre grandes interesses pela advocacia, com brilhante atuação nos Fóruns de Fortaleza, Limoeiro do Norte e Tauá.
Forte: www.al.ce.gov.br/index.php/malce-publicacoes?download=302

Para que o quadro político fosse modificado naquele ano, deve se levar em consideração de que aquela seria a primeira eleição em que o município de Limoeiro do Norte estava sem os distritos de Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe e Alto Santo, elevados à categoria de municípios há pouco tempo. Se esse fato foi realmente um condicionamento para o PTB ganhar a eleição, mais uma vez reforçamos a convicção de que a decisão popular foi ainda mais sábia, mostrando que a mudança do quadro político e de suas lideranças partiu dos eleitores verdadeiramente limoeirenses, ou seja, daqueles que mais de perto conheciam as ações dos udenistas e pessedistas.
A fraca administração de Sabino reavivou no PSD a esperança da retomada do poder, entretanto, mais uma vez, o povo disse não e partiu para eleger Dr. José Simões dos Santos, demonstrando o descrédito nos principais partidos existentes e fazendo tombar mais uma vez as velhas lideranças.
A partir daquele momento, com a deflagração de uma derrota consagrada pela vontade popular, os dois partidos majoritários (UDN e PSD), sem dúvidas, passaram a fazer análises de suas ações, já que ficou demonstrado que o povo queria mudanças radicais e concretas em vez das costumeiras promessas demagógicas. Depois dessa resposta, as lideranças de ambos os partidos ficaram convictas de que “já não podiam fazer política como antigamente”, isto é, teriam, portanto, que renovar suas representações e as suas idéias.
************************************************************************
Foi com a estiagem de 1958 que surgiu a expressão "indústria da seca". Embora sendo um fenômeno natural, as secas afetam a vida dos habitantes da região e, por isso, também são acontecimentos históricos. Algumas delas tiveram destaque maior devido à sua intensidade. São os casos das estiagens de 1791 a 1793, de 1877 a 1880, de 1915, de 1932, 1951 a 1954, 1958 e de 1979.
Criou-se então uma ideia de que as secas no sertão transformaram-se em um sério problema necessitando do envolvimento de todo o país para se chegar a uma solução. Tal ideia desviou-se inteiramente para um particular, ou seja, despertou os interesses econômicos e políticos da elite nordestina que passou a usar a seca como desculpa para garantir a continuidade dos investimentos públicos e privados na região.
Dessa forma e movidos pela insensibilidade, os homens públicos deram continuidade ao estado de miséria quando passaram a utilizar a seca como uma eficiente máquina para a construção de votos. Até mesmo os presidentes da República, sempre que se referiam às secas costumavam deslizar frases agradáveis aos ouvidos, numa tentativa de aumentar a popularidade. Juscelino Kubstchek, por exemplo, afirmou tão demagogicamente quanto D. Pedro II a seguinte frase em 1956, ao assumir a presidência da república:“Esta é a última seca que assola o Nordeste”.
Também foi a partir daquele ano que nasceu um dos ciclos políticos mais corruptos e cruéis do Estado do Ceará: o Ciclo dos Coronéis. O pontapé inicial foi dado por Virgilio Távora depois de haver sofrido a sua primeira e “única” derrota eleitoral em 1958 na eleição para governador quando foi derrotado por Parsifal Barroso.
Depois daquela derrota, VT – como ficou conhecido – passou a costurar acordos e montar estratégias para tornar-se um dos homens públicos mais espertos da história do Ceará. Iniciou sua vida pública em outubro de 1950 quando se elegeu deputado federal na legenda da União Democrática Nacional (UDN) e reeleito em 1954. Uma de suas marcas como político foi a destreza e a facilidade com que fazia todo tipo de conchavo e acordo em seu benefício para logo depois romper com tudo aquilo que ficara acordado.
Posteriormente, vieram os outros dois coronéis: César Cals e Adauto Bezerra e, igualmente a VT, praticaram deslavadamente o nepotismo, o autoritarismo e o assistencialismo.

Foi a Virgilio Távora que Manoel de Castro aliou-se, tornando-se fiel escudeiro até a morte e mais adiante vamos ver que essa aliança Manoel/Virgilio foi condicionante em quase todas as disputas eleitorais do município durante o ciclo dos Coronéis. 

[1] "Boneca Cobiçada" Um bolero caipira que fez grande sucesso no início de 1957. De autoria de Biá (Sebastião Alves da Cunha) e Bolinha (Euclides Pereira Rangel).
[2] Não se sabe o porque dessa denominação.

Nenhum comentário: