domingo, 15 de março de 2009

Capítulo IV - PRINCIPAIS FATORES PARA A QUEDA DOS CHAVES

FOI A PARTIR DO período das administrações dos primeiros prefeitos chavistas após a redemocratização, que aqueles que haviam se filiado na UDN começaram a ganhar corpo e formar um bloco de oposição – fortificado com a eleição de Manoel de Castro – capaz de brevemente combater e derrubar quase um século de poder dos Chaves em Limoeiro do Norte.
Vários fatores concorreram para a derrocada do PSD (dos Chaves) e o principal talvez tenha sido uma exagerada confiança na prepotência e na arrogância além da equivocada concepção de que o poder é intransferível, o que levou o partido a um declínio rápido e irreversível.
Os céus também estariam dispostos a conspirar contra os Chaves naquela batalha. Em 1951 teve início um ciclo de estiagem que duraria até 1953 durante a gestão do prefeito Mixico Nonato. No primeiro momento talvez eles acharam que a intromissão da natureza viesse como uma dádiva favorável, com a certeza de que seriam abertas frentes de serviços e que serviriam como montagem para a próxima campanha política (1954).
E não tardou muito. Logo no início de 1952 surgiu a tão comentada e famosa Comissão de Abastecimento do Nordeste – CAN. Além da vergonha na distribuição de esmolas aos famintos, a CAN foi usada para fins eleitoreiros a começar pelo Governo Federal, que “ironicamente” mandava entregar em cada casa dos pobres sertanejos o presente de uma enxada acompanhada de um cartão, numa verdadeira demonstração de demagogia e descaramento.
A prefeitura não perdeu tempo em transformar a CAN numa arma a favor do PSD, mas nesse estratagema “o tiro saiu pela culatra” ou mais ainda, “o feitiço virou contra o feiticeiro”. De posse no comando da distribuição de alimentos, estabeleceram condições que eles achavam serviriam para deter o crescimento da UDN, já substancialmente forte. Primeiro passaram a exigir das pessoas que procuravam alistamento nas frentes de serviços a se declararem como seus eleitores, caso contrário, eram perseguidos e humilhados e até excluídos da lista dos necessitados. Depois, criaram frentes de serviços tais como, recuperação de estradas, construção de pequenos açudes etc, e em troca os trabalhadores recebiam cesta que basicamente se compunha de carne de charque (carne velha), feijão, farinha e rapadura. Os serviços foram entregues justamente aos chefetes políticos pessedistas justamente para reforçar a pressão junto aos flagelados. Com essas arbitrariedades, via-se claramente que ainda persistia a política dos antigos coronéis, impregnada na cabeça dos que sempre estiveram no poder pela força e não pela liderança. Aliás é bom que se diga que a forma de fazer política dos Chaves e seus aliados, era como uma espécie timocracia onde os pobres eram usados apenas como elementos indispensáveis para a satisfação de suas vontades.
Começou uma onda de perseguições que se espalhou rapidamente pelo município sob o comando do prefeito Mixico Nonato em parceria com o então Delegado:
“Mixico, na sua gestão, por ocasião da seca, (1951-1954) através do Delegado Herbas Cavalcante Pinheiro, tratou brutalmente os flagelados...” (LIMA, Lauro de Oliveira. Na Ribeira do Rio das Onças, 1997, p. 324)
Foi o bastante para o Deputado Manoel de Castro sair em defesa da população tirando proveito da situação e mostrar vantajosamente a sua face populista. Vez em quando visitava os flagelados, calçado de alpargata de couro e junto com eles merendava pedaços de rapadura com farinha. Em outras ocasiões, contam que chegava a derramar lágrimas na presença deles – com certeza não passavam de “lágrimas de crocodilo” – se apiedando da situação em que se encontravam.
Nessas alturas, o PSD já tinha consciência de que a UDN estava cada vez mais forte, fazendo crescer um bloco de oposição sedento pelo poder precisando tão somente de um bom motivo para fazer campanha contra e, um dos trunfos seria exatamente a perseguição aos flagelados da CAN, sem dúvidas elemento importante para a queda dos Chaves e do PSD.
Aqui, podemos relatar um caso que servirá de ilustração. Em Danças, uma das turmas foi entregue ao comando de um “Coronel” aliado dos Chaves. Por ser reconhecidamente um explorador de trabalho alheio recebeu – e muito bem pregado – o apelido de Herodes, pela sua maneira como tratava os mais pobres. Estando a turma sob o seu “chicote” e como sentia prazer em humilhar as pessoas, o “coronel” colocou pendurado na parede, dentro do recinto onde se dava a distribuição das mercadorias, um rifle à vista de todos, como forma de intimidar os coitados, já tão humilhados pela própria situação de miséria e, também como uma maneira de passar um recado se caso não trabalhassem conforme a exigência. E qual era a exigência? Cada cassaco tinha que construir um metro e meio de estrada, pelo contrário não receberia a ração. Isso era um duplo absurdo, pois a construção do serviço exigido ia desde a escavação e transporte do barro, compactação com malho de madeira, aterramento e conclusão, portanto, muito serviço para um só homem em um só dia, ainda mais faminto como estava. Esse fato inspirou um poeta glosador, de nome Francisco Mendes de Sousa (Chico Mendes), a fazer a seguinte estrofe:
Herodes fez mal juízo,
Sacrificando a pobreza,
Dessa projetada empresa,
Seu Mixico teve aviso.
Disse: assim dá prejuízo,
P’ra nós fica muito feio.
De outra moradia veio
O seu rifle mosquetão,
Obrigando a um cristão
A fazer um metro e meio.
O outro absurdo era o uso indevido na distribuição das mercadorias, que deveriam ser distribuídas independentemente de trabalho ou não, pois se tratava de uma situação de fome e miséria. Mas o “coronel” acostumado a usar o seu mesquinho gesto de exploração de suor alheio, não perdeu a oportunidade de praticar esse ato de humilhação certamente por dois motivos: primeiro para satisfazer seu ego de carrasco e segundo para agradar ao prefeito e chefes políticos na realização da incumbência a ele confiada, mostrando mais serviço que os outros. Mixico sabendo da crueldade do “coronel”, menos por esse motivo e mais porque recaiam sobre si todos os comentários de maus-tratos aos flagelados, chamou-o imediatamente e pediu-lhe que não fizesse aquilo, pois estava levando os adversários a falarem cada vez mais e reforçarem o proveito que já vinham tirando da situação.
Mas a perseguição dos chefes do PSD, não se resumiu apenas aos flagelados. O caso mais evidente dessa afirmação aconteceu quando da invasão ao armazém onde estavam guardadas as mercadorias da CAN destinadas aos famintos. É que inconformada com a distribuição discriminatória dos alimentos, a população faminta partiu para o extremo e arrombou as portas do prédio (hoje funciona a Eletrovale) e de lá levou toda a mercadoria. Horas depois foi preso, algemado e conduzido para Fortaleza, o Senhor Francisco de Andrade Maia, conhecido por Chico Mãozinha, denunciado como incentivador dos flagelados naquele ato de “vandalismo”.
Colocado de pronto como “bode expiatório”, há quem afirme categoricamente que Chico Mãozinha foi preso injustamente, denunciado por asseclas do PSD, numa vã tentativa de encontrar motivos para responsabilizar a UDN pela invasão.
O poeta Luiz Mano chegou a citar o nome de Francisco Pergentino Mendes Guerreiro como denunciante:
“O Velho Chico Vicente
Este foi caluniado,
Saiu daqui escoltado
Ia morrer inocente.
Ha quem diga abertamente
Que o autor foi Pergentino,”
(...)
Mas, a verdade é que Chico Mãozinha quando chegou ao lugar da invasão quase já não havia mais nenhum movimento. É certo ainda o que contam, que a caminho de Fortaleza, vez por outra, os que o conduziam, paravam o jeep, o colocavam deitado à frente do veículo e ameaçavam atropelá-lo caso não confessasse a sua participação no incentivo aos invasores.
Mas, para azar dos que torciam pela sua permanência na prisão, treze dias depois foi libertado pelo promotor público Doutor Hélio Carneiro Leal. Não há dúvidas de que a soltura foi efetuada por influência do Deputado Manoel de Castro.
Mixico Nonato, ao que parece gostava de picuinhas mesmo, tanto que criou outro fato bestial, atingindo novamente o PSD.
Teimou incondicionalmente em não ceder a autorização para que um açude fosse construído na localidade de Castanhão, na época pertencente a Limoeiro do Norte, pelo líder político daquele setor, José Holanda Cunha. O mais estranho daquela atitude é que Zé Holanda além de ser um fiel pessedista tinha uma considerável influência na região do Castanhão e o prefeito, com uma teimosia por motivos meramente politiqueiros, demonstrava a sua inexperiência como político, atingindo inclusive um forte correligionário, ainda mais às portas de uma eleição.
José Holanda recorreu ao presidente da Câmara de Vereadores, o Senhor Francisco Pergentino Mendes Guerreiro, para que ele intermediasse a negociação da referida autorização. Foi em vão, pois ao falar com Mixico, recebeu um não definitivo e que nunca autorizaria a construção daquele açude por hipótese alguma.
Sem outro jeito, Pergentino tratou de montar um plano, para que José Holanda tivesse autorização da Prefeitura e pudesse construir o açude. Primeiro, sabendo que Mixico tinha uma consulta marcada em Fortaleza, fez com que José Holanda convencesse ao médico de Mixico para sugerir um período de repouso e nesse ínterim, na qualidade de prefeito, daria a autorização. Mixico, sem nada saber sobre o plano que envolvia inclusive seu médico, concordou com a licença. Ao lembrar do caso, telefonou imediatamente para Pergentino, para que não cedesse a autorização para a construção do açude. Tarde demais! Para sua surpresa e desgosto, ouviu de Pergentino, que já havia dado e que o açude seria construído. E assim foi feito.
Outro fato marcante para a decadência do PSD, foi quando Mixico puniu injustamente um membro da família Remígio, (Domingos Remígio – servidor público municipal) até então forte aliada dos Chaves. Esse fato levou ao rompimento da família, passando a apoiar a UDN nas próximas eleições e a aderir ao um novo partido político (PSP).
Podemos dizer então que Mixico Nonato, por dá cá aquela palha, criou fortes motivos que facilitaram a derrocada do PSD, por conseguinte a retirada definitiva da família Chaves do poder em Limoeiro do Norte.

Pergentino entrou para a história como uma personagem interessante. Na qualidade de presidente da Câmara Municipal, cargo que assumiu por várias vezes, e como não existia a figura do vice-prefeito, assumiu também, ocasionalmente, o cargo de prefeito interino. Sabia sobre a descendência de praticamente todas as famílias limoeirenses. Muito ponderado nas decisões que tinha que tomar e de uma matreirice e habilidades incomuns, sabia como ninguém, resolver questões complicadas.
Conta-se que certa vez foi chamado para resolver uma pendenga de família em São João do Jaguaribe, que não se entendia na divisão dos bens e o grande problema era a existência de uma sela, tida como uma preciosidade, razão porque todos queriam herda-la. Vendo que não havia nenhum acordo, sugeriu que lhes dessem o arreio de presente e assim acabava a confusão. Todos foram plenamente de acordo, todavia, quando tudo estava resolvido, entregou a sela à irmã mais velha, com a qual já tinha combinado tomar essa atitude. Enquanto isso os outros irmãos nada puderam fazer. 

QUEM FOI CHICO MÃOZINHA?

FRANCISCO DE ANDRADE MAIA (Chico Mãozinha) nasceu no auge do coronelismo, no ano de 1908, em Danças, uma comunidade com histórico de dominação de coronéis.
Seus pais, Joaquim Vicente Maia e Maria Salviana de Andrade Maia, eram pobres e criaram os três filhos com base na agricultura de subsistência, com as imensas dificuldades da época, ambiente no qual Chico Mãozinha passou sua infância e adolescência, tendo que trabalhar duro para ajudar no sustento da família.
Aos 21 anos de idade, casou-se com Maria Luiza de Andrade Maia, com quem teve 12 filhos e passou a residir em Canafístula do Bichopá, em uma pequena propriedade que pertencera ao seu avô, e foi nela, localizada na região mais seca do município, que criou sua família.
“A dureza da vida camponesa deve ter-lhe criado a capacidade de indignar-se, a coragem de romper com as práticas políticas que regiam as relações entre grupos sociais distintos, de continuar na luta pela causa, [...] das condições de sobrevivência rural.” (MAIA, Mônica Emanuela Nunes. “A NECESSIDADE E O CHICOTE”: seca e saque em Limoeiro do Norte (1950 – 1954), pág. 99)
Somente a partir dos anos iniciais da década de 1930, é que despertou para a política, quando ingressou no INTEGRALISMO, movimento político nacional, comandado em Limoeiro por Franklin Chaves.
Tão logo ingressou na política, começou a se posicionar em defesa das injustiças praticadas ao pobre agricultor, e essa posição fez chamar a atenção dos poderosos, classificando-o de comunista.
Adquiriu naturalmente, o dom da oratória e a lógica de raciocínio em seus pronunciamentos surpreendia a todos, sempre se declinando numa linha de defesa para com os camponeses, em que reclamava a falta de apoio para o pequeno proprietário de maneira que ele pudesse trabalhar com dignidade e sobreviver do seu suor, sem ter que se sujeitar aos poderosos.
Segundo o próprio Chico Mãozinha, para que isso acontecesse, dependia de uma ação política, partida dos homens públicos, o que no seu entender não acontecia.
“Temos que procurar novos caminhos e novas formas de conduzir as técnicas administrativas para orientações dos trabalhos, como vimos os poderes tem demonstrado falhas em suas propostas e decisões não dando liberdade para os camponeses que estão organizados, poderem administrar sua sociedade e seu capital.” (MAIA, Francisco de Andrade. (Chico Mãozinha). Manuscrito. Apud MAIA, Mônica Emanuela Nunes. “A NECESSIDADE E O CHICOTE”: seca e saque em Limoeiro do Norte (1950 – 1954), p. 113).
Em virtude desse posicionamento, era considerado pelos donos do poder como um comunista, mas na verdade o que não lhe faltava era a coragem para se pronunciar em seus discursos contra as injustiças sociais, transformando-se em um representante – mesmo que indireto - dos mais humildes, sobretudo dos pequenos proprietários rurais, os quais ele conhecia como ninguém.
Como se fosse uma ironia do próprio destino era deficiente em uma das mãos, (razão do apelido) e esse defeito físico fazia com que a mão estivesse sempre fechada e que em seus pronunciamentos aparecia como um gesto de agressividade de quem estava dirigindo murros a alguém em combinação com um linguajar popular e contundente.
O SAQUE E A PRISÃO
Como forte opositor do sistema dominante, era natural que Chico Mãozinha fosse uma personagem de desagrado para os donos do poder.
Como já vimos, na gestão de Mixico Nonato (1951-1955), a estiagem de 51/53, foi fato marcante e como solução paliativa para o problema, é que surgiu a CAN – Comissão de Abastecimento do Nordeste.
Algumas carradas de mercadorias chegaram a Limoeiro do Norte, e sem o conhecimento da população foram “guardadas” em um armazém de propriedade do Prefeito Mixico Nonato (Avenida dom Aureliano Matos – hoje ELETROVALE).
Sabendo disso, um grupo considerável de camponeses – de estômago vazio – decidiu saquear o armazém arrombando as portas do prédio e de lá levarndo toda a mercadoria.
Não há dúvidas que Chico Mãozinha estava entre os saqueadores, mesmo tendo chegado atrasado ao local. Incrível é que não houve nenhuma indicação que tenha sido o incentivador da invasão, porem somente ele foi responsabilizado e preso.
“havia levado apenas 3 (três) latas de leite em pó. Depois da “invasão”, sai caminhando a pé em direção a sua casa, na comunidade de Canafístula do Bixopá, parou na comunidade de Danças para almoçar e descansar um pouco na casa do compadre – Joaquim Elias. Às três horas da tarde, é abordado pela polícia. Trouxeram-no para a sede do município, em seguida, encaminhado para a vizinha cidade de Russas, [...] Passou a primeira noite preso em Russas, no dia seguinte, foi levado para Fortaleza, onde passou 13 (treze) dias, preso.” (MAIA, Mônica Emanuela Nunes. “A NECESSIDADE E O CHICOTE”: seca e saque em Limoeiro do Norte (1950 – 1954), pág. 99)
O certo eu que Chico Mãozinha era um revoltado com o sistema dominante, onde os poderosos não olhavam para os pobres, e em ele ter sempre se posicionado em favor dos humildes, reclamando o que de mais natural existe, que é a igualdade para todos, senão pelo menos a possibilidade do homem do campo viver com dignidade, é que era tachado de comunista, uma palavra de forte impacto naquela época.
Por causa disso, foi visto como um calo nas pretensões dos poderosos, e a sua “participação” no saque ao armazém onde estavam as mercadorias da CAN, foi direcionada para a política partidária, evidentemente a fim de tirar proveitos da situação.
O PSD, através dos Chaves, não se conformava em ver a UDN crescendo, a ponto de ser uma ameaça ao poder reinante há quase um século. Interessante dizer que Chico Mãozinha, não pertencia a nenhum dos dois partidos (UDN e PSD), mas, como sua posição era de defesa para com os camponeses e como a UDN era composta principalmente pelos produtores rurais, sobretudo os Coronéis da Carnaúba, os pessedistas acharam que o denunciando como líder dos saqueadores, poderiam deter o crescimento do partido opositor.
É até admissível pensar que a prisão não tenha sido tão injusta, levando-se em conta a sua posição diante dos fatos bem como a personalidade forte e de extrema esquerda, pode mesmo ter incentivado a invasão, entretanto, por mais uma vez, a estratégia do PSD em denuncia-lo, foi ponto favorável para o partido adversário e não para si, como imaginou.
O erro gravíssimo cometido pelo PSD quando caluniou e prendeu Chico Mãozinha no propósito de responsabilizar a UDN pela invasão, foi uma ação por demais impensada e mal sabiam eles que os udenistas iriam se aproveitar deste fato para usar na eleição como forma de propaganda política.
A MORTE E OS MOMENTOS FINAIS
A morte de Chico Mãozinha foi digna de um defensor dos injustiçados. Ocorreu justamente na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte, local onde por muitas vezes, pronunciou-se com seu corajoso discurso em favor dos humildes e desprotegidos camponeses.
Naquele dia, o velho Chico Vicente foi um dos primeiros a chegar ao Sindicato a fim participar de uma reunião dos trabalhadores rurais com técnicos da EMATERCE – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Durante a reunião, um dos técnicos presentes, comportou-se de forma imprudente e desrespeitosa, quando classificou os camponeses de preguiçosos. Nesse momento, Chico Mãozinha pediu a palavra e num ato de coragem, se pronunciou em inflamado discurso, defendendo com veemência e decoro, o pequeno produtor rural por aproximadamente 20 minutos, bastante aborrecido com o técnico, repreendendo-o publicamente pelo que acabara de dizer.
Em meio ao discurso começou a sentir-se mal e antes de ter um enfarte fulminante, ainda teve tempo para deixar suas últimas palavras com a histórica frase: “ninguém bota papa na minha língua não”.
Era o dia 14 de novembro de 1992. Assim deixava o mundo aos 84 anos de idade e mais de 50 anos em defesa dos mais humildes, dos perseguidos, dos injustiçados: FRANCISCO DE ANDRADE MAIA – o VELHO CHICO VICENTE ou simplesmente CHICO MÃOZINHA.

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