quarta-feira, 17 de setembro de 2025

AO LEITOR

A HISTÓRIA POLÍTICA DE LIMOEIRO DO NORTE está recheada de fatos e acontecimentos que revelam a forma como o processo se desenvolveu ao longo de mais de um século.
Desde o domínio da família Chaves, iniciada em meados do séc. XIX até hoje, os acordos e conchavos fizeram e ainda fazem parte das negociações políticas para a manutenção do poder.
Se a oligarquia Chaves durou quase um século e já foram decorridos mais de cinquenta anos depois da sua queda, podemos perceber que nada mudou verdadeiramente, apenas o poder foi transferido dando continuidade aos interesses individuais e/ou de grupos.
A presença de Manoel de Castro no processo político de Limoeiro do Norte a partir da queda dos Chaves em 1954, também pode ser considerada uma oligarquia (governo de poucos), e que deu continuidade a uma política que perdura até os dias de hoje. Interessante é que nenhum dos atuais políticos limoeirenses – com raras exceções – podem se dar ao luxo de dizer que não tem origem no proselitismo político de Manoel de Castro, que mesmo tendo encerrado sua vida pública em 1982, na qualidade de governador do Estado, "encerrando" dessa forma uma atividade política de quase quatro décadas, mas que deixou um legado que deverá permanecer ainda por algum tempo.
Os novos nomes que foram tomando conta do poder a partir de 1982, iniciaram o que podemos chamar de um novo CICLO POLÍTICO, e foi daí que a política, se já era voltada para interesses sombrios, tornou-se mais negra ainda, pois as brigas, as fofocas, as futricas e, sobretudo os interesses pessoais ficaram mais evidentes. “Brigar” hoje e se “unir“ amanhã se tornou apenas uma questão de conveniência, dependendo do momento.
Os últimos quarenta anos anos foram marcados por um jogo de cumplicidade entre os políticos limoeirenses, embora em determinados momentos eles tenham se proclamado “amigos” apenas para enganar o povo, se o que nunca existiu na verdade foi amizade entre eles, mas sim, um estado de conexão profundamente personalizado e apesar de tudo isso, no entanto, coexistia entre eles uma visível desconfiança.
A união propalada em determinados momentos de campanhas eleitorais, nunca representou os anseios do povo, propositadamente, colocado no jogo cruel e injusto da política por eles praticada. Aqui cabem muito bem uma citação de Étienne de La Boétie, no seu “Discurso da Servidão Voluntária” quando diz:
“Entre os maus, quando se juntam, há uma conspiração, não uma sociedade; Eles não se entre-apóiam mas se entre-temem. São cúmplices”.
Os atos político-administrativos acontecidos a partir de 1982 e até os dias de hoje, têm sido os mais absurdos em toda história de Limoeiro do Norte. Os mais escabrosos boatos de corrupção, os mais desavergonhados conchavos políticos, os maiores descalabros administrativos, se tornaram tão habituais que viraram rotina e de tal forma, que a população passou a considerar como se fossem ações normais.
Tanto cultuam os atos ilícitos que eles conseguem fazer com que boa parte da população pense em não existir pessoas sérias capazes de administrar o que é do povo com honestidade. O que mais se ouve nas rodas de conversas e com bastante frequência é de que: “todo político é ladrão e que todos são iguais, basta que cheguem ao poder e farão a mesma coisa”.
O ponto a que chegou a consciência do povo como resultado da política que foi implantada nos últimos quarenta anos, tornou-se bastante favorável aos maus políticos, pois, para eles o que interessa é que o povo continue cada vez mais alienado e sem condições de fazer uma análise crítica da situação, optando sempre pelo pior, sendo assim, bem melhor para eles.
Todos eles e da mesma cepa, praticam e disseminam até hoje, a semente nociva da politicagem e com isso conseguem sobreviver politicamente a ponto de superar até mesmo suas próprias contrariedades.
O agravante é que parte da população, aquela que percebe como o jogo é praticado, fica impotente para reverter o quadro que se apresenta, sem nada poder fazer para deter a facilidade com que agem os pseudopolíticos e a falta de escrúpulos com que mostram suas caras ao povo, sempre com a empáfia de grandes líderes.
Os conchavos e os acordos acontecidos a cada eleição são tão deslavados, que sequer se preocupam em esconder das vistas do povo, o que não se restringe apenas ao uso do dinheiro público, mas a um absurdo maior, que é a falta de coerência, de sinceridade e de respeito para com o limoeirense.
A propósito: haverá ato de corrupção maior do que corromper consciências?
M. F.

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