DILMAR INICIOU SEU MANDATO com ares de um governante simpático, carismático e com a performance ideal para naquele momento administrar Limoeiro do Norte.
Chegou à chefia do Executivo Municipal com o auxílio considerável do Careca e ganhou através da popularidade deste o reconhecimento do povo, caso contrário dificilmente teria sido eleito.
Pretendendo dar ao seu governo uma conotação de modernidade, criou um slogan sugestivo para a sua administração intitulado de Um Novo Momento, indicando que iria conduzir o município para uma fase de pleno desenvolvimento. Com isso, estava querendo repassar para a população que se enterrava de uma vez por todas um passado de administrações arcaicas, inclusive a do seu antecessor, que em nada serviria como exemplo e modelo administrativo.
Imediatamente se fez rodear de “amigos” por todos os ângulos, primeiro, por aqueles que o admiravam como uma “nova estrela” na política limoeirense e depois por aqueles que estão em todas as administrações não importando quem tenha sido eleito.
Mesmo antes de assumir e necessitando ter do seu lado a maioria dos vereadores e tambem para abrigar no legislativo municipal alguns dos seus seguidores, aproveitou-se de uma brecha na Constituição Federal e incentivou para que estes aprovassem uma emenda, elevando o número de vereadores de quinze para dezenove, o que lhe garantiria no começo de sua gestão o apoio da maioria do parlamento, naquela época, já reconhecidamente fisiológico. A intenção maior, entretanto, era abrigar no legislativo municipal alguns de seus companheiros, dentre eles o amicíssimo Mauro Costa.
Ao tomar o assento maior do executivo municipal montou uma equipe de assessores inteiramente nova e composta em sua maioria de pessoas que nunca tinham sequer participado de qualquer processo político a não ser daquele que o elegeu. Em virtude disso criou uma administração aparentemente aberta a todas as opiniões, todavia, não passou de uma espécie de colegiado entre parceiros, onde sabiamente cada um lançava mão do seu quinhão na fatia do bolo.
Em poucos dias de governo Dilmar ousou expulsar, literalmente, da prefeitura os parentes do Careca e a partir de então ficou configurada a briga entre os dois.
Ao cometer aquele ato de ousadia, em vez de mostrar que se tratava de uma atitude moralizadora, Dilmar não fez mais do que evidenciar uma perseguição àquele que o elegeu, errando por fazer o mesmo quando colocou nos cargos importantes da prefeitura exatamente seus amigos e parentes, dando continuidade ao empreguismo e nepotismo reinantes no executivo municipal.
Por sua vez, demonstrando-se revoltado e dizendo-se apunhalado pelas costas, Gladstone não poupava críticas ao prefeito, movido tão somente pelos ressentimentos. A partir de então passou a chamá-lo de “cara de boneca”, todavia, mal sabia que estava recebendo o troco por parte daquele a quem sempre considerou um incapacitado para exercer o cargo de prefeito.
Em pouco tempo tambem ingressou no barco da revolta o vice-prefeito Pedro Julião sentindo-se igualmente discriminado e jogado de escanteio, solidarizando-se com o primo e passando tambem a fazer oposição a Dilmar criticando-o e tachando-o de traidor.
Para justificar sua identificação com os jovens e com o esporte Dilmar idealizou a construção de um ginásio esportivo nos mesmos moldes de modernidade que vinha pretendendo dar ao seu governo. Justificando de que o município era exemplo de esportividade até mesmo para o Estado do Ceará pela realização dos Jogos Olímpicos Comunitários[1], resolveu valorizar esses jogos hipotecando-lhe total apoio e construindo inclusive uma praça esportiva do nível daquela competição.
Para impressionar a juventude desportista mandou confeccionar uma maquete expondo-a em praça pública indicando de que seria uma obra ousada e uma vez concluída Limoeiro teria o mais moderno ginásio de esportes do Nordeste.
A Construção se iniciou num clima de expectativa e com a promessa de ser inaugurada em breve, mas o que se viu foi uma obra inacabada e sobrecarregada de boatos sobre o desvio de pelo menos três verbas que foram destinadas à sua construção. Existe inclusive uma versão de que o então governador do Estado Ciro Gomes, surpreso por aquela praça esportiva não ter sido ainda concluída, mesmo depois de haver carreado recursos para tal, resolveu inaugurá-la assim mesmo, o que realmente aconteceu.
Ao assumir o governo municipal Dilmar encontrou uma prefeitura com máquinas, equipamentos e outros veículos que serviram durante toda administração, mas que não se preocupou em conservá-los, pelo contrário, ao entregar ao seu sucessor, passou uma frota praticamente sucateada, finanças no vermelho e um volume de boatos jamais visto sobre o uso indevido do dinheiro público, a exemplo do Ginásio Coberto que tornou visível aos olhos de todos tamanha imprudência administrativa.
Durante sua gestão teve que enfrentar uma greve dos servidores públicos, a primeira na história do município. Contrariando a gestão “democrática” com que apregoava o seu governo se negou receber os líderes grevistas para negociar as suas reivindicações, chegando inclusive a agredir um deles e solicitando a presença policial para afastá-los da frente do prédio da prefeitura.
De outra feita num surto de total desequilíbrio para um chefe do executivo municipal, ao receber críticas do polêmico Nicanor Linhares foi visto descendo as escadarias do prédio da prefeitura de cinturão na mão, dizendo que “ia dar uma surra em Nicanor” o que não aconteceu em virtude da intervenção de algumas pessoas, alertando-o para a grande repercussão negativa que isso traria ao governo municipal e a ele pessoalmente.
O que havia sido divulgado durante a campanha pelos adversários de que Dilmar não residia em Limoeiro se confirmou quando o povo ficou sabendo que seu endereço era mesmo em Fortaleza e vinha para o município apenas nos finais de semana, já nos outros dias vinha somente em algum caso em que fosse necessária a presença do prefeito.
Dentre os assessores mais próximos estava o secretário de administração que recaiu sobre a pessoa de Maílson Cruz, figura conhecida de poucos, mas que em pouco tempo começaram a exaltar as suas qualidades profissionais bem como a sua aguçada inteligência.
A partir dali, Maílson tornou-se uma pessoa forte nas decisões do município e as diretrizes administrativas, obrigatoriamente tinham de passar por seu crivo.
Foi logo transformado no super-homem da administração, passando a ser considerado o responsável por todas as realizações políticas e administrativas, desempenhando muito bem esse papel e sempre com o respaldo e a anuência do prefeito.
Apesar de ser visto por alguns como uma figura escamosa dentro da administração, soube usar da sua inteligência para agradar aos bajuladores do prefeito com pequenos favores e ao próprio chefe com a confiança no desempenho do seu trabalho, evitando com isso alguns atritos e ciúmes e o evidente serviço de puxa-saquismo dentro do próprio grupo.
Sua poderosa atuação naquela administração nos faz lembrar Maquiavel:
“Aquele que tem o Estado de outrem em suas mãos não deve pensar nunca em si, mas sim e sempre no príncipe (...)” (MAQUIAVEL 1967, 38)
[1] Competição esportiva que acontece anualmente desde 1984 entre as comunidades do município onde disputam diversas modalidades.
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