segunda-feira, 12 de maio de 2025

AO LEITOR



A HISTÓRIA POLÍTICA DE LIMOEIRO DO NORTE está recheada de fatos e acontecimentos que revelam a forma como o processo se desenvolveu ao longo de mais de um século.
Desde o domínio da família Chaves, iniciada em meados do séc. XIX até hoje, os acordos e conchavos fizeram e ainda fazem parte das negociações políticas para a manutenção do poder.
Se a oligarquia Chaves durou quase um século e já foram decorridos mais de cinquenta anos depois da sua queda, podemos perceber que nada mudou verdadeiramente, apenas o poder foi transferido dando continuidade aos interesses individuais e/ou de grupos.
A presença de Manoel de Castro no processo político de Limoeiro do Norte a partir da queda dos Chaves em 1954, também pode ser considerada uma oligarquia (governo de poucos), e que deu continuidade a uma política que perdura até os dias de hoje. Interessante é que nenhum dos atuais políticos limoeirenses - sem exceção - pode se dar ao luxo de dizer que não tem origem na política praticada por Manoel de Castro, que mesmo tendo encerrado sua vida pública em 1982, na qualidade de Governador do Estado, "encerrando" dessa forma uma atividade política de quase quatro décadas mas que deixou um legado que deverá permanecer ainda por algum tempo.
Os novos nomes que foram tomando conta do poder a partir de 1982, iniciaram o que podemos chamar de um novo CICLO POLÍTICO, e foi daí que a política, se já era voltada para interesses sombrios, tornou-se mais negra ainda, pois as brigas, as fofocas, as futricas e sobretudo os interesses pessoais ficaram mais evidentes. Para eles “brigar” hoje e se “unir“ amanhã se tornou apenas uma questão de conveniência, dependendo do momento.
Os últimos trinta anos foram marcados por um jogo de cumplicidade entre os políticos limoeirenses, embora em determinados momentos eles tenham se proclamado “amigos” apenas para enganar o povo, se o que nunca existiu na verdade foi amizade entre eles, mas sim, a desconfiança generalizada.
“(...) Eles não se entreapóiam mas se entretemem. Não são amigos, mas cúmplices”. (Etienne de La Boétie - Discurso da Servidão Voluntária).
A união propalada em determinados momentos de campanhas eleitorais, nunca representou os anseios do povo, que incrivelmente, foi colocado no jogo cruel e injusto da política limoeirense.
Os atos político-administrativos acontecidos a partir de 1982 e até os dias de hoje, têm sido os mais absurdos em toda história de Limoeiro do Norte. Os mais escabrosos boatos de corrupção, os mais desavergonhados conchavos políticos, a maior falta de respeito ao povo, os maiores descalabros administrativos, se tornaram tão habituais que viraram rotina nos políticos e de tal forma que a população passou a considerar como se fossem ações normais.
Tanto cultuam os atos ilícitos que eles conseguem fazer com que boa parte da população pense em não existir pessoas sérias capazes de administrar o que é do povo com honestidade. O que mais se ouve nas rodas de conversas e com bastante frequência é de que: “todo político é ladrão e que todos são iguais, basta que cheguem ao poder e farão a mesma coisa”.
O ponto a que chegou a consciência do povo como resultado da política que foi implantada nos últimos trinta anos, tornou-se bastante favorável aos maus políticos, pois para eles o que interessa é que o povo continue cada vez mais alienado e sem condições de fazer uma análise crítica da situação, optando sempre pelo pior, sendo assim, bem melhor para eles.
Todos eles e da mesma cepa, praticam e disseminam até hoje, a semente nociva da politicagem e com isso conseguem sobreviver politicamente a ponto de superar até mesmo suas próprias contrariedades.
O agravante é que parte da população, aquela que percebe como o jogo é praticado, fica impotente para reverter o quadro que se apresenta, sem nada poder fazer para deter a facilidade com que agem os pseudo-políticos e a falta de escrúpulos com que mostram suas caras ao povo, sempre com a empáfia de grandes líderes.
Os conchavos e os acordos acontecidos a cada eleição são tão deslavados, que sequer se preocupam em esconder das vistas do povo, o que não se restringe apenas ao uso do dinheiro público, mas a um mal maior, que é a falta de coerência, de sinceridade e de respeito para com o limoeirense.
A propósito: haverá ato de corrupção maior do que corromper consciências?

Capítulo XXIV - VOLTA DO CARECA AO PODER

NO PRIMEIRO DIA DE janeiro de 1997, tomou novamente assento no trono da prefeitura José de Oliveira Bandeira ou simplesmente “O CARECA”, numa pomposa festa de posse com direito a fogos e passeata numa manhã de quarta-feira pelas ruas da cidade. Os discursos eram só de elogios dirigidos àquele que trazia – enganosamente –  a marca do maior administrador de toda a história de Limoeiro. O próprio Careca, no seu discurso disse em alto e bom som mais ou menos o seguinte: “quero dizer a vocês, que me chama de analfabeto, mas tô dando bolo em muitos doutor, pois sei administrar mió do que qualquer um de vocês”.
Esses dizeres no seu discurso de posse deixaram encabuladas figuras como Paulo Duarte e Ariosto Holanda presentes à solenidade e que na ocasião certamente pensaram: “é muito bem pregado! Fomos dar corda para um analfabeto!!!”.
Se o Careca se manifestou tão egoisticamente naquele momento, certamente foi embriagado por recente elogio que lhe dirigiu o governador Tasso Jereissati quando em certa ocasião falando ao seu respeito proferiu a seguinte frase: “doutor em povo e em administração”.
Assim se iniciou o segundo mandato de Gladstone Bandeira.
O primeiro grande equívoco foi quando fez de tudo para eleger o seu filho Gladis presidente da Câmara Municipal, pensando justamente ter sob o seu controle o legislativo municipal, detendo a maioria dos vereadores o que garantiria mais uma vez a tranquilidade na aprovação das matérias além do funcionamento de um parlamento meramente fisiológico e a favor de todas as suas vontades.
Mais adiante vamos ver, que esse erro lhe custou caro, por não ter na próxima eleição o presidente da Câmara Municipal como aliado.
Novamente voltou a praticar o nepotismo à vista de todos quando nomeou para o cargo de tesoureira novamente a filha Lúcia e desta vez acompanhada do esposo Paulo César no cargo de Secretário de Administração.
O cargo de Procurador Jurídico da Prefeitura coube ao advogado João Batista Freitas de Alencar,[1] ironicamente um daqueles que no passado fora tratado como advogadozinho de merda. (ver Capítulo XVII).
Vamos recordar que em 1983, quando o Careca assumiu a administração, recebeu das mãos de Evaldo Holanda Maia uma prefeitura com as contas públicas inteiramente em dia, as finanças equilibradas, o número de servidores dentro do limite e ainda uma considerável quantidade em dinheiro nas contas bancárias (em torno de 13 milhões de cruzeiros).
Em 1997 aconteceu exatamente o contrário, ou seja, recebeu uma prefeitura falida, com dívidas acumuladas no comércio, cinco meses de atraso na folha de pagamento, uma quantidade espantosa de cheques sem fundos em nome da prefeitura e outros abusos cometidos pela administração anterior. Com esses dados, aquele que foi considerado o melhor administrador que passara pela prefeitura, não teve como confirmar a impressão que deixara em 1988, porque na verdade, o que existiu naquela época foi uma falsa propaganda montada para enganar a população.
Logo de início, deu mostras de fraqueza, principalmente quando começaram os boatos de que a filha Lúcia e o genro Paulo César eram quem determinavam as diretrizes da administração e que nada era feito sem que primeiro tivesse suas anuências.
Aquele Careca que no primeiro mandato deu murros na mesa para intimidar sobretudo aos humildes que lhe procuravam, transformou-se num administrador apático e inexperiente no cargo, sem poderes para deter os “erros” cometidos pelos seus próprios familiares dentro da administração. Como justificativa, alegava as dificuldades com que encontrou a prefeitura, se mostrando com isso impossibilitado de fazer uma boa administração, o que não convenceu a ninguém, porém, conseguiu mostrar e comprovar a falsa impressão de grande administrador quando deixou o cargo em 1988.
Ao receber a prefeitura completamente problemática e cheia de dívidas, não teve competência para sanear suas contas e resolver todos os seus problemas e se não os soube superá-los nem os resolver, constatou-se nada entender de administração.
Se no primeiro mandato, tornou “modernas” as praças da cidade, colocou piçarra em todas as estradas vicinais do município, implantou na prefeitura uma espécie de construtora e fez mais uma série de outros serviços, no segundo, não passou de um prefeito inoperante e fraco nas decisões. O que faltou a ele antes do tino administrativo foi aquilo que é de praxe na maioria dos administradores públicos: compromisso com o cargo para o qual foi eleito.
Na verdade, os problemas que ora se apresentavam eram apenas uma continuidade dos desmandos efetivados pelos prefeitos anteriores inclusive ele próprio e que o ônus estava sendo repassado para o povo mais uma vez.
As ruas esburacadas, o lixo acumulado, as estradas sem condições de tráfego, os servidores atrasados e ações na justiça por precatórios, afora outros problemas existentes, foram os obstáculos da segunda administração de Gladstone Bandeira e que ele e sua equipe usavam para justificar a sua péssima atuação naquele segundo mandato. Convém ressaltar que todos os problemas foram iniciados na sua primeira gestão, quando estabeleceu uma política de favores e contra-favores, de nepotismo, fisiologismo, empreguismo e de egoísmo pessoal, quando se autoproclamava ser insuperável como gestor municipal.
Para completar, nos meses finais do seu mandato e a exemplo de Ademar Celedônio, resolveu também atrasar a folha de pagamento, numa demonstração de falta de compromisso e zelo com o dinheiro do povo. Indagado por um amigo do porquê ele atrasou o salário dos servidores, rebateu de maneira irônica e irresponsável que “não era prefeito para administrar folha de pagamento”.
Mas nem mesmo o fracasso administrativo do Careca, tirou do grupo a certeza de que nada impediria a sua reeleição, assegurando não haver nenhum entrave e muito menos outro nome que tivesse condições de concorrer. O próprio careca, sem reconhecer sua incompetência administrativa, dizia aos quatro ventos “ser o político de maior prestígio em Limoeiro” e por isso sua condição de candidato à reeleição era indiscutível. O procurador jurídico da prefeitura Dr. João Batista – tempos atrás difamado pelo Careca – dizia firmemente em conversas informais que a eleição iria acontecer apenas por uma questão de cumprimento da Lei, mas a recondução do Careca à prefeitura seria quase por aclamação.
O que eles não contavam, era o aparecimento de vários fatores que desencadeariam num caminho completamente diferente para o Careca e o seu grupo e vamos ver isso nos relatos sobre a próxima campanha eleitoral.

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Lembremos que foi a partir de 1982 que nasceu um novo ciclo político em Limoeiro e que podemos considerar como “CICLO DOS AMIGOS”, onde no decorrer dos anos, todos os seus integrantes tornaram-se cúmplices nas manobras de enganação e de maldade, numa briga diabólica entre eles, com o objetivo de disfarçar a intenção sagaz de um querer lucrar em cima do outro.
Os atos administrativos acontecidos a partir de 1982 e até os dias de hoje, têm sido os mais absurdos em toda história de Limoeiro do Norte. Os mais escabrosos boatos de corrupção, os mais desavergonhados conchavos políticos, a maior falta de respeito ao povo, os maiores descalabros administrativos, se tornaram tão habituais que viraram rotina nos políticos e de tal forma que a população passou a considerar como se fossem ações normais.
Tanto cultuaram os atos ilícitos em suas administrações que os que integravam o “ciclo dos amigos” conseguiram fazer com que boa parte da população pensasse em não existir pessoas sérias capazes de administrar o que é do povo com honestidade. O que mais se ouvia nas rodas de conversas e com bastante frequência era de que “todo político é ladrão e que todos são iguais, basta que cheguem ao poder e farão a mesma coisa”.
O ponto a que chegou a consciência do povo como resultado da política que foi implantada nas últimas administrações municipais, tornou-se bastante favorável aos maus políticos, pois, para eles o que interessava era que o povo continuasse cada vez mais alienado e sem condições de fazer uma análise crítica da situação, optando sempre pelo pior, sendo assim, bem melhor para eles.
O segundo mandato do Careca foi a prova maior que o político que se aventura em agir de forma enganosa para com o povo, invariavelmente termina mostrando a sua verdadeira identidade. Mais cedo ou mais tarde, se mostra contrário àquilo que se pensava dele e para isso acontecer basta surgir um fato que necessite de ações que exijam seriedades para esbarrar na sua verdadeira personalidade. Aqui cabe muito bem a belíssima citação atribuída a Abraham Lincoln: "Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo."
o Certo é que Ademar entregou a prefeitura ao Careca com cinco meses em atraso na folha de pagamento e este entregou com oito meses, ou seja, os cinco de Ademar e mais três meses dele próprio, o que gerou um enxurrada de precatórios para as administrações seguintes. Na carona da folha entraram também em atraso as obrigações patronais para com a Previdência Social, o que se caracteriza outro ato puramente desonesto, principalmente porque parte desse dinheiro significa apenas um repasse, já que provém de descontos nos próprios salários.
Incrível foi o destino que sempre deram ao dinheiro tirado do suor dos servidores! Todos eles usaram principalmente nas eleições de seus sucessores, como parte de acordos espúrios e vergonhosos a fim de garantir a impunidade e a continuidade dos desmandos, e era apenas isso o que a eles interessava.
Todos eles e da mesma cepa, praticaram a disseminação da semente nociva da politicagem e com isso conseguiram sobreviver e superar até mesmo suas próprias contrariedades.
O que deixava a parte consciente da população espantada e impotente para reverter aquele triste quadro era a facilidade com que agiam e a falta de escrúpulos com que mostravam suas caras ao povo, sempre com a empáfia de grandes líderes.
As ações desonestas foram a tona principal dos administradores que fizeram parte do “ciclo dos amigos” em Limoeiro e as suas ações foram tão deslavadas, que sequer se preocuparam em esconder das vistas do povo os seus atos desonestos, o que não se restringiu apenas ao uso do dinheiro público, cujo mal maior foi falta de coerência, de sinceridade e de respeito ao povo.

[1] Em 1988, o Dr. João Batista esteve no palanque de Rita Peixoto.